2.8.13

Antiga fábula

As folhas que são carregadas pela briza de um outono flutuam suaves fazendo seu caminho pra o jardim de uma solitária jovem, a luz que mal aparece atravessa por entre os vários lenços estendidos no varal, acendendo sua pele sobre um tom dourado. O rosto salpicado de pequenos pontos se vira para uma estrada deserta com tal ansiedade que mesmo que a poeira levante e seja lançada sobre o alto ela não desviaria o olhar.
Nesta pequena cabana no alto de um monte, sombreada apenas pelo que se resta das árvores haviam duas camas mas apenas uma era usada. Os pássaros orquestravam por toda a natureza e a dama passava seus dias entonando uma mesma triste canção enquanto sua vida se esvai no canto de seu sorriso melancólico. 
Ao passar-se o dia tão rapidamente, o pouco brilho de seus olhos acompanhava o sol no horizonte e o cintilar das estrelas que se erguiam. O fogo que estalava acalorava a pele branca e a mãos que costuravam mais lenços coloridos a serem estendidos na próxima vez, tão juntas estavam que formavam linhas e mais linhas de uma suplicia muda, uma reza e uma oferta. 
A jovem artesã sabia que o final estava próximo, a porta se abriu com um sopro gentil de quem aceitou o presente e com um longo suspiro a moça coloca seu lenço sobre a mesa, sorri e fecha os olhos. A cabana estava em paz. 

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